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Foto do escritorMarcio Weber

“MoneyBoys” - Quando a cidade encurrala a vida

A China é uma das nações mais complexas e instigantes do globo, não à toa, se trata do segundo país mais populoso do mundo e do terceiro país com a maior extensão territorial do planeta terra. Os indicadores são expressivos por si só, também acompanham um processo de urbanização expressivo, porém de panoramas contrastantes, estes que são mergulhados em “Moneyboys”, o longa-metragem de estreia de C.B Yi, as contextualizações podem soar redundantes, deslocadas.


MONEYBOYS

Mas ressalta o fato de ser um filme que possui um forte vínculo com uma nação, no caso da China, colocada na ótica de jovens que tem a ascensão financeira por conta da prostituição.

Algo que fica mais evidente com frenesi da cidade, dos edifícios, estabelecimentos comerciais contrastam com ambientes prevaricados e violentos. Transformando a ambientação em não somente um pano de fundo, mas um espelho que também diz muito das motivações e anseios destes personagens. São histórias de pessoas, jovens, que deixam povoados rurais em busca de oportunidades. Entretanto, muitas vezes, elas acabam se encaixando em trabalhos não regulamentados, guiadas por seus próprios desejos e ambições. Nestas promessas com ganhos vem fácil e gera ganhos imediatos correspondendo as demandas da vida em sociedade, em um determinado momento. Mas será que essas relações são duradouras? São essas perguntas que o "Moneyboys" está interessado em questionar.


MONEYBOYS

Qual a durabilidade e profundidade das relações de um trabalhador do sexo?, até que ponto esta função de fato é aceita na sociedade, ou apenas o dinheiro importará? Essa atividade é segura? Essas dúvidas parecem ser respondidas à medida pelo que mostra o pragmatismo do sexo nas interações humanas em que o desejo passa a ser mais de uma meta a ser alcançada. Por exemplo, logo no início, o protagonista Fei (Kai Ho), ao ser iniciado recebe um acolhimento do então colega, pois o cliente goza rápido. Fei também não consegue ter um orgasmo espontâneo. São dinâmicas que mostram algo volátil, passageiro e incerto. A frieza e distância que as relações humanas são encaradas é um mote constante para o filme.


Partimos então para a violência, uma que não se manifesta apenas na agressão física e na insegurança, mas também pela rejeição e provoca um fenômeno que se retroalimenta, tornando as pessoas inacessíveis, perdendo um grau de humanidade. Uma relação de desesperança que vai corroendo, não apenas o protagonista, mas toda uma cadeia de personagens à sua volta. Existe um tom pessimista e frio que é canalizado nos lugares, o vazio constante que é reforçado com a proximidade desses corpos. C.B Yi aproxima essas na câmera em planos fechados deixando uma visão mais estreita entre os ambientes e os personagens, a direção de atores naturalista e pouco afeta ampliam ainda mais o impacto dessas interações. Embora o texto de Yi apresente um desenvolvimento de personagens com nuances e características densas, ocasionalmente a produção parece se atropelar em algumas situações que soam abruptas e inverossímeis, além de mergulhar em algumas soluções que parecem derivativas ao apresentar caminhos conveniente para resolver determinados conflitos.


MONEYBOYS

“Moneyboys” apresenta personagens fortes, assombrados pela cidade, pelas cidades, mas que ainda sim, conseguem enxergar anseios, vontades e amores, por mais difícil que seja alcançar isso.


O filme estreia hoje, dia 08/02, exclusivamente nos cinemas.

 

FICHA TÉCNICA

Direção: C.B. Yi

Roteiro: C.B. Yi

Produção: Gabriele Kranzelbinder, André Logie, Barbara Pichler, Guillaume de la Boulaye

Elenco: Kai Ko, Chloe Maayan, Yufan Bai, J.C. Lin, Qiheng Sun, Yan-Ze Lu, Daphne Low, Mu Chen, Teng-Hui Huang, I-Hsiung Lin

Direção de Fotografia: Jean-Louis Vialard

Trilha Sonora: Yun Xie-Loussignan

Montagem: Dieter Pichler

Gênero: drama

País: Áustria, França, Bélgica,Taiwan

Ano: 2021

Duração: 120 minutos

Classificação Indicativa: 16 anos

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