"Mulheres precisam ter a real opção se querem ou não ser donas de casa integralmente, ou ter uma carreira, ou ambos.." - Marilou Diaz-Abaya
Em uma sociedade em que se disseminam crenças fundamentalistas, opressões, medos, angústias, a necessidade de emancipação, frustação e dores.
Através de tópicos tão amplos e sensíveis como relacionamentos abusivos, aborto, estupro, divórcio, repressão ditatorial, estupro. Abaya traz a partir da vivência de jovens que compartilham as dores de amores, as dificuldades de convivência com os pais, entre abrigos temporários e acolhimentos.
Aqui tudo é esmiuçado com organicidade e por mais que exista o risco de uma difusão entre os dilemas tratados, tanto pelo excesso quanto pela coesão. O roteiro amarra os acontecimento e a tônica orgânica dos desdobramentos é mantida.
Marilou Diaz-Abaya estrutura uma unidade estilística concisa mas ao mesmo tempo complexo se valendo de detalhes dos ambientes e da expressão facial e corporal dos atores.
O elenco mantém uma química considerável, potencializando a cumplicidade nos momentos jubilosos e também no momentos tristes e frustrantes.
Apesar de retratar de grandes temas. O filme não os utiliza como muletas e criando momentos genuínos e orgânicos que se defendem por si só, através da interligação orgânica e coesa entre as quatro protagonistas e as interações entre os acolhimentos, discordâncias, trocas sinceras. Isto é, a natureza das relações que ditam o ritmo do filme.
Ao final da sessão, é possível encontrar um filme sensível, delicado e que não só tem muito a dizer e efetivamente sabe como dizer e o quê dizer.
Comments